Passei muito tempo pensando em escrever aqui de novo. Não por achar que alguém iria ler, mas para ter essas palavras fora de mim, no mundo real. Torná-las reais. Passo bastante tempo escrevendo, mas evito a realidade. Criei várias historinhas, nas quais as personagens falam uma para as outras as coisas que eu ouço na minha vida. É um exercício: aprender a lidar não com as palavras dos outros, mas com os sentimentos que brotam independentes da minha razão.
Me vi num redemoinho de vozes, frases e símbolos. Tudo que eu tentava fazer sentido ressurgia como novas dúvidas, novos questionamentos que eu me via forçado a me responder. Completamente perdido.
Tentei buscar nos outros o caminho, mas não deu muito certo. Eu me vi puxando a carroça ao invés de andar lado a lado. Percebi que a carroça era mais real do que eu imaginava quando eu resolvi pedir ajuda para a pessoa sentada na carroça, e ouvi um não.
Não era uma desculpa, ou um pedido de tempo para poder resolver algo. Seria lindo imaginar isso, mas foi só um não. Foi exatamente um "não, estou dormindo". Pedi pra sair da minha carroça.
Aí pensei em buscar outros cujo caminho eu pudesse compartilhar, sem a pressão do relacionamento. Ofereci o que eu não tinha encontrado: apoio, compreensão, companhia.
Tenho plena certeza de que não sou perfeito, não sou dos melhores e talvez nem esteja na média.
Mas eu ofereci o que eu tinha. Não tenho dinheiro pra festa todo dia e viagens. Tenho para manter minha casa, comer bem e pagar internet. Ofereci isso.
E tive que ouvir que a ajuda que eu oferecia não adiantava nem eu me importar em receber de volta, pq aquelas coisas corriqueiras não valiam a pena me ajudar.
E isso me doeu demais. Destruiu toda a expectativa que eu tinha sobre ajudar os outros de forma honesta. Era uma amizade tão positiva pra mim que quando acabou ficou um vazio triste, um vazio de indiferença e silêncio.
Também tentei ser apoio emocional, além de financeiro. E de novo me vi perdido. Esperava que depois de meses de conversa, apoio e encorajamento, eu fosse conseguir pelo menos cinco minutos de atenção... mas nem isso consegui.
Escrito assim eu fico pensando que a culpa toda é só minha. Quem ofereceu ajuda, quem abriu a porta, quem achou que podia confiar fui eu. Todos erros meus.
O futuro, pelo menos, será de novos erros.