20140328

ACHO

que eu queria alguém pra ouvir minhas besteiras, e rir comigo das minhas ideias idiotas de felicidade.

20140311

Hábito

A constância do desapontamento desfez uma visão positiva do mundo. Tomou o lugar da felicidade espontânea e a transformou em uma reflexão sobre a inconstância da positividade na minha persona. E, em meio às voltas da minha percepção, cada novo empecilho se soma à experiências que definem o hábito - evitar. Evitar pessoas, evitar situações, evitar lugares. Evitar me desapontar com um mundo alheio à minha patética necessidade de vê-lo com otimismo.

20140210

Subterfúgios

Não sou uma pessoa boa de lidar com frustração. Pra mim, é como um aperto no peito, um desespero que tira o fôlego e me deixa sem saber o que fazer. Às vezes é sem saber o que fazer da vida, às vezes é sem saber se entro ou não em determinada loja. É complicado até de explicar para os outros, ainda mais porque eu estou praticamente entrando em parafuso toda vez que eu penso em criar uma situação em que eu possa ser criticado/humilhado/ridicularizado.

E isso tem me feito mudar o jeito de falar com os outros e o jeito como eu me relaciono. Não estou conseguindo me abrir, não sei mais com quem conversar, e até as pessoas que eu gosto eu me vejo evitando pra não criar situações em que eu me veja frustrado.

Agora que eu me pego refletindo, eu vejo que eu me enlacei numa contingência em que a perspetiva de me frustrar inibe uma parte muito grande do meu repertório. Não tenho falado as coisas que eu gosto de falar, não tenho feito as coisas que eu gosto de fazer, não tenho sido a pessoa que eu gosto de ser.

Queria ter alguém pra falar todas essas minhas merdas e não ser julgado. Queria que não me olhassem como se eu fosse um imbecil por sentir o que eu sinto. Queria... sei lá. Não sei nem o que eu quero.

Quero poder lavar a louça de casa sem parar na frente da pia e ficar triste por tudo aquilo ali ser em vão. Quero poder dormir na minha cama, sem me sentir sozinho e ir pro sofá pra não lidar com aquilo.
Quero poder cozinhar e não ficar só pensando em quanto daquilo vai pro lixo por não ter mais ninguém pra comer comigo.

E eu ouço na minha cabeça todos os comentários que as pessoas poderiam fazer em resposta ao que eu to dizendo. Piadas, gracinha, zoação. Mas eu não tenho como dizer para as vozes que é sério, que eu tô mal, que eu não tô mais com vontade de ser ou estar assim. Não tenho como dizer para as pessoas de verdade que eu tô mal. Por que pra fazer isso eu preciso dizer que eu sou fraco, que eu não consigo fazer as coisas sozinho, e na minha cabeça isso é abrir espaço pra ser constrangido.

E no meio tempo eu tô só acompanhando enquanto eu vejo minha vida indo para um caminho que eu não quero. Mas, sozinho, não tenho porque fazer nada pra mudar. Mudar pra quê? Pra quem?

20140207

Quem sabe?

Quem sabe um dia eu me reencontro, as coisas voltam a fazer sentido e o caminho volta a valer a pena...

20140127

Malhação

Além, é claro, da preguiça, não estou disposto a malhar para os outros, para caçar e pegar essas pessoas com muito músculo e pouco conteúdo. Gostaria dr malhar junto, um para o outro. :B

Desespero nosso de todo dia

Aquela sensação de ter um monte de coisa pra fazer e não fazer nada, se perdendo no desespero das coisas não feitas e do tempo perdido. Como seria fácil viver ao sabor dos mandos de outro, com um "faça isso" fazendo as vezes de luz no fim do túnel. Um túnel construído pra dentro, de vergonha e medo, circular e sem fim. Pra dentro, pra dentro, não veja mais os outros, olha só como a sua escuridão é reconfortante! Não achou? Fica então com o medo de estar sozinho, sozinho. Que medo do que eu acabei de escrever.

20140125

Not so random

Imagino que eu romantizo demais as situações, me colocando às vezes em condições menos do que aceitáveis. Tenho me visto deslocado e dissociado, fugindo de situações e pessoas, evitando encontros e desencontros, num balé de vergonha e orgulho que é confuso até de explicar. Nessa dança eu tenho tentado expor o que eu só posso chamar de solidão voluntária - a pet ideology I've been developing. Envolve estar sozinho, por falta de opção, em uma vida onde as metas e objetivos dos outros estão tão longe dos meus que eu já aceitei que não vou achar alguém que os compartilhe e com quem eu possa criar uma vida. Isso tem me desanimado bastante, como apagar propositalmente a 'luz no fim do túnel' - mas também tem me ajudado a desfazer expectativas irreais, como uma proteção contra desapontamentos. Tem sido complicado e desgastante, mas tem trazido conforto quanto à perspectiva da solidão involuntária - muito mais assustadora para mim do que eu gostaria de admitir.